Está disponível no site da ATP, o “Diretório para a Transformação Digital da ITV” realizado no âmbito do projeto ITV: Novos Desafios da Competitividade.
O DESAFIO DIGITAL: MUDAR DE PELE PARA SOBREVIVER
Nas palavras de um dos mais reconhecidos especialistas em marketing moda da Europa, o italiano Daniel Agis, que já trabalhou em diversos países e com uma enorme multiplicidade de marcas e instituições, incluindo a ATP, a ITV em Portugal está no limiar de uma terceira “mudança de pele”, um desafio limite, cujo sucesso não está garantido, mas que disso dependa a sua sobrevivência futura.
De uma indústria incipiente, baseada nos “drives” da competição pelo preço e orientada a produtos massificados, determinados pela procura externa, a Têxtil e Vestuário portuguesa teve de se reestruturar, de forma dramática, para manter a sua capacidade concorrencial, apostando na diferenciação de produtos, pela tecnologia e design, com muito maior intensidade de serviço, o que, por outras palavras, significa que mudou do paradigma da competitividade pelo preço pela do valor, e deixou de ser tomadora de encomendas para ser vendedora de produtos e serviços diferenciados, ao mesmo tempo que percebeu que, tendo uma orientação e discurso estratégico, para dentro e para fora, a sua subida na cadeia de valor seria muito melhor percebida, aceite e considerada.
A terceira “mudança de pele”, ou a terceira revolução a que vai ficar sujeita, será a do desafio digital, que compreende os temas da “indústria 4.0” e as plataformas eletrónicas para colocar produtos e serviços, B2B e B2C, à escala global. Isto não é retórica oficial do momento ou discurso do politicamente correto. Faz-se com empresas mais automatizadas, com significativos investimentos no domínio da digitalização e com recursos humanos altamente capacitados, aliando a tradição (numa aceção de “artigianialitá”, que os italianos conseguiram com êxito colar ao luxo, num binário diverso, mas superiormente valorizado) à tecnologia, com base numa indústria que conseguiu manter vivo um “know-how” de décadas, que não se perdeu entre gerações, nem entre empresas que fecharam para nunca mais reabrir, mas que se transferiu e foi aprimorada por um sistema científico-tecnológico de classe mundial e de um ensino e formação que a conservaram viva e invejada por todo mundo.
Será também no plano digital que o futuro das marcas portuguesas, não apenas o da indústria, se irá jogar. Das que existem e das que surgirão.
Há um mundo de oportunidades, bem mais acessível, hoje, do que existia duas décadas atrás. Os investimentos são mais proporcionados à capacidade dos promotores, até porque o êxito das marcas e dos canais de distribuição em que assentam, numa lógica de crescente fusão entre eles (o omnicanal), está mais dependente de boa estratégia e melhor execução do que do suporte financeiro, nomeadamente para abertura de espaços físicos, comunicação e publicidade.
Contudo, não deixa de ser preocupante verificar quão pouco a generalidade das empresas da ITV portuguesa dão importância a esta questão, sendo o melhor indicador a elementaridade dos seus websites, na sua estética, conteúdos e funcionalidades. Há muito por fazer, muito mais do que já se fez. Celebrar o que já se conseguiu é legítimo e compreensível, mas jamais como desculpa para não fazer o que se impõe de forma urgente e bem identificada.
O projeto ITV: NOVOS DESAFIOS DA COMPETITIVIDADE é promovido pela ATP – Associação Têxtil e Vestuário de Portugal decorre ao longo de 2 anos. É cofinanciado pelo Portugal 2020, no âmbito do Compete 2020 – Programa Operacional da Competitividade e Internacionalização, tendo um investimento estimado de 614.504,54 € e um montante de apoio elegível de 522.328,86 € provenientes da União Europeia, através do Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional.
ATP – Associação Têxtil e Vestuário de Portugal
Vila Nova de Famalicão, 29 janeiro 2019